Raissa Lennon

Raissa Lennon
"siga seus próprios sonhos, porque ninguém pode viver o sonho do outro"

domingo, 22 de maio de 2011

Ser professor

Meus pais são psicólogos, mas uma de suas paixões é o ensino. São professores por amor e tem orgulho disso. Digo até que para o meu pai, ensinar é um de seus afazeres preferidos, uma vez ele me disse que não tinha prazer maior, do que estar dentro de uma sala de aula. Mas, meu pai tem um pequeno 'problema', ele tem disfemia, popularmente conhecido como gagueira, e o mas engraçado é que somente quando ele está ensinando, a gagueira desaparece, e suas palavras fluem naturalmente. É, ser professor deve ter algo de dom, misturado com dedicação e carisma. Uma função única, ímpar, especial, que infelizmente no Brasil, é tão desvalorizada. Poucos são os professores que levamos em nosso coração pela vida toda, com um carinho sincero, e com ares de admiração. Ser professor não deve ser uma tarefa fácil.

Ser professor exige paciência e uma certa autoridade. Mas, muitos deles não sabem lidar com essa autoridade, exigem respeito, sem ter respeito por seus alunos, gritando, xingando, falando palavrão, em uma postura completamente desprezível. Digo isso, por experiência própria, nunca desrespeitei nenhum dos meus professores, mesmo que não goste de sua postura enquanto profissionais, nunca levantei a voz para nenhum deles, mesmo que tenham feito isso comigo. E fiz isso apenas, por respeito que tenho para essa profissão. E, claro, receio de reprovação, por causa de, talvez, me ver 'marcada' , o que já seria uma completa falta de ética, já que tenho a plena certeza que não fujo da minhas obrigações enquanto aluna. Ser professor exige a sensibilidade, de reconhecer as diferenças de cada aluno, e saber trabalhar com elas.


Os professores universitários tem uma certa peculiaridade no ramo, tem um papel de formação profissional e ética, tem um papel de auxiliar na produção acadêmica, e de ir muita além, dos conteúdos das matérias, para discutir a sociedade, e o dever de cada um nesse meio social. Alguns destes, tem seu ego elevado, por terem um título de doutorado. Estou no meu terceiro ano de universidade e posso garantir que título, nada tem haver com competência para ensinar. Já tive aula com muitos doutores que não sabiam passar a disciplina de forma correta, doutores que tem o conhecimento, apenas para si mesmos. E isso nada adianta. E o pior de tudo, é a arrogância com que alguns se mostram, justamente, por conta da titulação. É claro que é importante, mais não é tudo. Tenho um desejo escondido dentro do peito, que é ser professora. Não sei se algum dia vou ter todas as qualidades necessárias para a docência, mas se um dia me dedicar a esse função, darei o melhor de mim, e com certeza, não utilizarei da minha autoridade, para menosprezar nenhum dos meus alunos. Comecei falando dos meus pais, e encerro falando dos meu irmão, que é nutricionista, mas também nasceu com esse bichinho pertinente da minha família que é ser professor. Meu irmão, já fala dando aula, é um comunicador nato, mas, que teve o incentivo dos vários livros que se alimenta.


O dia do professor ainda está longe, dia 15 de outubro, mas me antecipo na postagem, por alguns motivos que prefiro não mencionar aqui. Apesar do meu jeito extrovertido, nunca chamei muita atenção enquanto aluna, sempre fui quieta, mediana, faço o meu dever e pronto, nunca fui de chamar atenção em sala de aula, ou de ser amiga dos meus professores, acho que a aproximação deve ser natural e não forçada. Digo isso, para agradecer a alguns professores, que me perceberam diante de tantos outros, e que me incentivaram (e me incentivam) para realizar os meus projetos. Obrigada.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Para Sempre Los Hermanos

Desde 2007 os fãs de Los Hermanos estão órfãos. Época em que a banda resolveu dar um “hiato” por tempo indeterminado. Lá se vão quatro anos e os integrantes Rodrigo Amarante, Marcelo Camelo, Bruno Medina e Rodrigo Barba seguiram os seus caminhos, separados um do outro.
Com talento de sobra e fazendo um som bem mais soft, do que as pegadas um pouco diferente dos Hermanos, Camelo, acaba de lançar seu 2º álbum em carreira solo: Toque Dela. O 1º chamado “Sou” foi gravado em novembro de 2007. Já Rodrigo Amarante, depois do término, se juntou com um monte de artista talentoso, e dedicou-se a Orquestra Imperial, banda que regravou clássicos do samba brasileiro. Depois, surpreendeu mais uma vez, unindo-se ao baterista dos Strokes, Fabrizio Moretti, e a namorada dele, Binki Shapiro para formar o Little Joy.
Com pegadas de surfsusic e do rock undergroud, o único disco que eles lançaram, foi bem aceito pela crítica e pelos fãs. Os outros barbudos, o tecladista Bruno Medina e o baterista Rodrigo Barba estão sempre ligados ao mundo alternativo da música, e continuam produzindo coisas novas.
Contudo, a verdade é uma só: os fãs de Los Hermanos vivem do saudosismo. Continuam atrelados aos velhos sucessos da banda “Último romance”; “A flor”; “O velho e o moço”; “Sentimental”, e várias outras canções. E a banda (ou ex-banda, ou ainda pode ser uma banda), de vez em quando dá um agradinho aos fãs. A mais expressiva foi quando abriram o show do Radiohead no Brasil, em março de 2009, no Rio de Janeiro.

Fenômeno

É difícil entender o fenômeno hermanístico, criou-se uma legião de pessoas que defendem com unhas e dentes a banda. Pois, para eles esse foi o único grupo musical do final dos anos 90 que trouxe uma cara nova ao rock nacional. Talvez, desde Legião Urbana não se via fãs tão fervorosos no Brasil. Mas, os barbas grandes têm uma diferença: assim como se vê o fanatismo, se vê também o descrédito. É tipo aquela história do “ame ou deixe”, ou gosta muito, ou odeia, sem meio termo.
É provável que isso aconteça por causa da peculiaridade do som. A voz rouca, quase de porre, do Amarante, que contrasta com a voz mais melodiosa do Camelo. Os metais (trompete, saxofone), utilizados com uma linha mais melódica nas músicas. As letras cheias de metáforas, com um romantismo exacerbado, por vezes sofrido.
Também é difícil definir ao certo o estilo da banda. “Los Hermanos”; “Bloco do eu sozinho”; “Ventura” e “4”, foram seus quatro CDs de estúdio, e cada um com uma linha musical diferente, uma mistura de MPB, samba, rock, e nos primeiros álbuns uma pitada de hardcore. No entanto, definições não importam nem para os músicos nem para os fãs dos Hermanos.
O que importa é mesmo o extasse ao ouvir aqueles velhos versos “... até quem me vê lendo o jornal, na fila do pão, sabe que eu te encontrei...”; ou a batida forte do “quem sabe o que é ter e perder alguém sente a dor que eu sentir”; ou até mesmo a tão discriminada, coitada “Oh Ana Júlia....” ; que por sinal foi regravada pelo ex-beatle George Harrison.
Posso até está sendo hiperbólica, mas para milhares de fãs, Los Hermanos, marcaram uma geração. Uma geração que ansiava, e ainda ânsia, por ídolos. Uma geração que vive ouvindo os discos de seus pais dos anos 60, e contraditoriamente, baixando álbuns de bandas independentes. Uma geração que viveu intensamente a época dos Hermanos. E ainda vive. Pessoas que provavelmente viverão a época Los Hermanos - com eles voltando ou não - para sempre.



Companheiros