Raissa Lennon

Raissa Lennon
"siga seus próprios sonhos, porque ninguém pode viver o sonho do outro"

domingo, 16 de setembro de 2012

Buscopan

Estou definhando, caindo, chorando... Não consigo viver, não consigo morrer, não consigo amar. Não consigo me levantar, traz agora o meu buscopan para cá.
Não consigo comer, nem respirar, nem ver o carnaval passar. Nem consigo estudar, nem dançar, nem namorar, nem me animar. Traz, por favor, meu buscopan pra cá. 
Não consigo ficar bem, nem curtir a "vibe", nem ficar de boa, nem sair para passear. Não consigo ser legal contigo, não consigo te amar, não consigo dormir, nem acordar. Não esquece - eu te peço - de trazer eu meu buscopan para cá. 
Estou presa em mim mesma, sedenta de saúde e ar. Estou meio tonta, meio down, meio sem pensar. Estou doente, maluca, molenga. Este mês não quero nada, nem água, só quero um remédio para essa dor passar. 

sábado, 15 de setembro de 2012

Tiê e a nova safra da música alternativa

Tiê - Teatro Gasômetro, setembro de 2012
A primeira vez que eu ouvi Tiê foi uma música chamada "Passarinho", apresentada por uma amiga minha. Essa canção por sinal, foi a que a cantora abriu seu show em Belém na noite de ontem, dia 14, no Teatro Gasômetro. Na época, achei chata, lenta demais, sem graça, e não me dei ao trabalho de prestar atenção na letra direito. Estava ouvindo mais rock'in roll e aquilo não fazia sentido nenhum para mim. Por isso, deixei a Tiê pra lá, e não me interessei. 

Depois ouvi por aí uma música chamada "Sweet Jardim", que diz mais ou menos assim, "plantei no jardim um sonho bom, mostrei meus espinhos pra você..." Uma linda canção que combinou perfeitamente com a voz adocicada da cantora. Fiquei triste, aliás, porque ela deixou a música fora do repertório do show. Enfim, certo dia ganhei de presente em um CD a música "Dois", que poderia embalar o amor de qualquer casal. 

Ontem, ela tocou pela primeira vez em Belém, por convite da Secult, para divulgar o seu segundo álbum: "A coruja e o coração". Depois de fazer uma matéria sobre o show para o jornal O Liberal, resolvi me aventurar no sentimentalismo da Tiê. Grávida de seu segundo filho, ela foi a mais adorável possível. Depois de duas músicas sem dar boa noite ao público (até pensei que ela ia dar uma de Bob Dylan), Tiê começou a se comunicar a se mostrar para os belenenses. E se mostrou uma verdadeira "Stand up comedy". Ela tirou onda com o Michel Teló, dançou "Eu quero Tchu, eu quero Tchá", fez graça com ela mesma quando fez a dancinha do "seu boneco". Fez piada com o calor de Belém, contou momentos engraçados com o marido, brincou com a platéia. Foi adorável e linda. 

Tiê tocou a música dos seus dois álbuns, entre elas: "Dois", "A bailarina e o astronauta", "Te quero" e terminou com a lindíssima "Assinado Eu". A cantora também tocou as três versões que integrou o seu novo CD, "Mapa-Mundi", do talentosíssimo Thiago Pethit, que foi super elogiado por ela no show. Essa música inclusive é mais bonita na voz dela, do que na do Thiago. Também cantou "Só sei dançar com você", da não menos talentosa Tulipa Ruiz. Mas o ponto alto da noite foi quando ela contou a inusitada versão que fez para "Você não vale nada" (mais eu gosto de você) - hino do forró universitário. 
Ponto alto da noite: Tiê cantando "Você não vale nada"

Com uma versão mais elegante e meio "tango" do hit grudento, Tiê convidou as cantoras paraenses (que abriram seu show) Nana Reis e Juliana Sinimbu (só faltou a Joelma Kláudia, que teve que ir embora antes), para acompanha-la. Também pediu a ajuda para a platéia, que cantou em coro "você não vale nada mais eu gosto de você". Tiê tirou onda: "Bora lá gente, todo mundo tem um..(uma pessoa que queria dizer isso)". Acabou o show e as pessoas saíram satisfeitas. O chato, foi que ela (grávida) teve que fazer dois shows seguidos - não sei porque dessa ideia absurda - e para completar, uma pessoa do Teatro Gasômetro ficou expulsando as pessoas quando terminou o primeiro show.

Elogios a parte, o que importa é que a Tiê representa uma nova fase da música alternativa e paulistana. Ela, junto com o Thiago Pethit e Tupila Ruiz, criam juntos, escrevem letras, fazem grandes discos, representam um cenário novo, de jovens elegantes que fazem canções universais, que não representam nada, além deles mesmos e dos sentimentos dos próprios seres-humanos. Nesse mundo ainda acrescenta-se os mato-grossenses da banda Vanguart, que de todos é o meu preferido, e o Cícero que com as suas "Canções de apartamento" embalou o momento em muitos apartamentos por aí. 

Acho que quem fala que a música boa morreu, esta precisando olhar com mais atenção para o cenário. Pois, qualquer um desses artistas vale a pena ir aos shows, baixar músicas, comprar discos e se apaixonar. Para conhecer mais sobre a Tiê: http://www.tiemusica.com/


Tiê, neste show intimista, estava acompanhada apenas por seu guitarrista  

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Toda história de amor daria um livro


Na virada do ano de 2009 para 2010 passei pela primeira vez o ano novo longe dos meus pais. O cenário era o melhor possível: Algodoal, em companhia do meu melhor amigo, que considero como a um irmão. Além de outras pessoas legais que estavam por lá. Lembro que na época senti uma sensação de liberdade como nunca antes. Era a primeira vez também que me sentia tão livre. A viagem foi maravilhosa e inesquecível. 

À meia noite daquele novo ano que chegava, fiz aquele velho ritual de pular as ondinhas. Foram três pedidos: o primeiro era conseguir um trabalho, mas especificamente um estágio em Jornalismo, o segundo era paz e saúde para minha família, meus pais e meu irmão (eu sempre pedia esse). E o terceiro era ficar solteira durante aquele ano, não me apaixonar por ninguém (juro que eu pedi isso). Este último pedido, se referia ao fato de ter vivido alguns conflitos no ano anterior, e pensava naquela época, que eu era inconstante e louca demais para entrar em um relacionamento. Outras coisas estavam em jogo também como querer "aproveitar a vida", "conhecer pessoas novas", e "ser livre". Essas bobagens que uma pessoa pensa aos 18 anos. 

Voltei à Belém e logo no primeiro semestre consegui um estágio em jornalismo, minha família também não contraiu nenhuma doença grave e estavam em paz. Mas o terceiro pedido, não deu nenhum pouco certo, foi por água abaixo, foi completamente diferente do que eu imaginava. Em fevereiro me apaixonei perdidamente, em abril entrei de cabeça em um relacionamento sério, e continuo nele até hoje, dois anos depois. A conclusão que eu tirei dessa história é: meninas que estão atrás de um amor, façam pedidos para ficarem solteiras, funciona. 

O mais engraçado de tudo isso na verdade, é que nunca fui tão livre como naquele ano, fizemos tudo juntos. Encontramos amigos, fizemos festa, fomos a festa, shows, caímos na noite, fomos ao cinema, dançamos, compramos uma barraca, acampamos, fizemos novos amigos, juntamos nossos amigos, brincamos, fomos ao cinema, ao teatro... Descobrimos um ao outro. E pasmem, continuamos fazendo tudo isso até hoje, com uma diferença: estamos mais íntimos, é claro.

Sempre me falavam que depois de algum tempo o namoro entrava na rotina, ficava chato, sem graça e que era preciso ter cuidado para que a relação desse certo. No nosso caso, soubemos aproveitar cada fase, é claro que já brigamos feio, em particular ou em público. Já nos agredimos verbalmente, já dissemos coisas um ao outro que não queríamos, já nos arrependemos, já ficamos sem nos falar (não por muito temo, mas ficamos).

Eu não sei direito o que deve ser feito para um relacionamento dar certo, aliás, sempre achei que eu tive muita sorte por encontrar uma pessoa que me aturasse, porque se tem um coisa que eu tenho é defeitos. Mas aí, ele também quase estragou tudo quando nos conhecemos, me fez perguntas indigestas e no nosso primeiro encontro fez uma coisa sem noção que é melhor nem falar, mas que também não importa. 

O que eu sei, é que certo dia fui a um festival de rock e lembrei de um carinha que estudou comigo quando eu tinha cinco anos de idade (é cinco anos!). Daí encontramos fotos dessa nossa época, e ficamos encantados um pelo outro, e nos encontramos uma, duas, três... E hoje ficamos planejando quanto filhos vamos ter, quantos cachorros, como vai ser a nossa casa, como vamos fazer para conseguir grana, para comprar a nossa casa, que lugares vamos viajar, e o que vamos fazer para emagrecer (esta última é a mais difícil). 

Eu sempre quis escrever um livro sobre essa nossa história, não por achar que ela seja mais especial do que as outras histórias de amor. Mas por achar que toda a história de amor daria um livro. Quando conheço um casal, sempre tenho vontade de perguntar: "Como foi que vocês se conheceram mesmo?". Alguns foram pela internet, outros na praia, no carnaval, no trabalho, na faculdade, na academia, na rua, ou no jardim de infância (como no meu caso). Não importa. Uma história de amor é sempre bonita e sempre deve ser contada. 

Pela apaixonada Lennon. 

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