Raissa Lennon

Raissa Lennon
"siga seus próprios sonhos, porque ninguém pode viver o sonho do outro"

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Todo amor do mundo


Los Hermanos, 2012. 

Chico Buarque e Bob Dylan são artistas pouco comuns para um DJ tocar, antes de qualquer show. É. Mas no show dos Los Hermanos tudo pode ser incomum e docemente magnífico. Parecia que todos se conheciam. Todo mundo se encontrava, se abraçava e sorria. Claro, a expectativa era grande para ver o Amarante, Camelo, Barba e Medina reunidos de novo, após cinco anos de hiato.

No ingresso, o show estava marcado para 22h, mas quem verificou no site, sabia que eles iam tocar à meia noite, em ponto. Só que com 15 minutos de antecedência, já podíamos ouvir os primeiros solos de guitarra e os versos de “Moça, Olha só, o que eu te escrevi é preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai, além do que se vê”. E quem estava há horas esperando para ver o show, esqueceu completamente à dor nos pés. Daí pra frente foi uma sucessão de canções lindas, sem músicas novas, mas que contemplavam os quatro CDs de estúdio dos caras.

Uma coisa assustou logo à primeira vista: A aparência do Amarante. Mais magro do que de costume, cabelos rebeldes e grandes. Como se estivesse acabado de acordar. Mas isso pouco importava naquela hora. O momento era especial. O show ocorreu como eu imaginava. O Amarante com suas dancinhas. Medina estático. Camelo tímido e o Rodrigo Barba, uma gracinha quando aparecia no telão sorrindo. Fora o outro guitarrista, que não recordo o nome, e o trio de caras que fazem o metal melódico, essencial na banda.

 REPERTÓRIO

Os fãs bem sabiam o set list da banda, de acordo com o repertório da turnê em outros Estados. Mas os Los Hermanos traziam surpresas. Se eu não me engano esse é o quarto show da banda em Belém. Me recordo de ter ido a outros dois, com exceção do primeiro, que aconteceu na época do extinto Fest Rock. Acredito que em nenhum deles, os barbudos tenham tocado a tão “polêmica” Anna Júlia. Ou menos ainda, tenham feito cover de qualquer outro artista.

Pois é, mas em Belém, eles fizeram. E foi logo de Legião Urbana. “Vou precisar da ajuda de vocês nessa música”, disse Rodrigo, antes de começar a tocar “Tempos Perdidos”. Foi lindo. Mas não foi o momento mais mágico do show. Não foi melhor do que ter ouvido os versos de “O velho e o moço”, “O vento”, “Um par”. Ou tão lindo, quanto ver os marmanjos cantar melancolicamente as músicas “Sentimental” e “Último Romance”. Às lágrimas caíram inevitavelmente. Uma coisa tão emocionante que várias pessoas gritaram “ôooooo” quando viram três gaivotas brancas saírem de trás do palco em direção ao céu escuro.

É claro que teve também as mais agitadas como “Azedume”, “Quem Sabe”, e a finalissíma “Pierrot”, para fechar noite. “Obrigado”, eles falavam. “A gente que agradece”, em pensava. O público que agradece por vocês existiram, e dar vida a juventude nacional, que desde os anos 80, se viu sem ídolos para realmente seguir. Todos saíram sorrindo, sem reclamar. Quer dizer, só reclamaram do preço do bebida vendida à 5 reais. De resto, valeu absolutamente tudo.

Los Hermanos conseguiram provar nesse show, que a banda não acabou e nem nunca vai acabar. Eles já são eternos para os fãs e para a história da música no Brasil. “O vento vai dizer lento o que virá, e se chover demais, a gente vai saber, claro de um trovão, se alguém depois sorrir em paz...”

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Uma tarde

Doida de pedra nessa tarde de sol. É melhor eu nem olhar para o relógio porque já estou devidamente atrasada para todas as coisas que tenho que fazer. E que, por sinal, vão influenciar o resto da minha vida inteira. 
Talvez eu deva correr ou apenas saborear o saudosismo de um tempo que já passou?Acho que deveria nascer em uma sociedade sem telefones. Talvez isso melhorasse a minha ansiedade extrema. 
Uma tarde de espera. Os caras da taberna me "neuram". Homens humildes que gargalham por causa de um piada qualquer do filme da sessão da tarde. Piadas que de tão toscas, dão nojo. Parece confuso, mas não tenho nada para fazer nessa tarde, além de esperar e observar as pessoas à minha volta. Na verdade eu tenho. Na verdade, eu tenho um infinito de coisas para fazer, mas estou aqui, parada no mesmo lugar. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Faísca


Um completo incêndio provocado por uma única faísca
O Grito (Edvard Munch)
Que de tão miúda não se imaginava provocar tanto fogo
Um furacão de sentimentos jorrados em só um impulso
Palavrões vociferados com tanto gosto
 e desgosto ao mesmo tempo
Que se tornam um completo descarrego de alma
Um fardo despejado em outro alguém
Uma raiva, uma mágoa, uma dor extrema
Às vezes é bom derramar todo o seu ódio em um minuto
Em segundos, ou até mesmo por horas.
Tem gente que merece ouvir. Tem gente que não.
Mas os que merecem que morram...
Com um espírito ruim no corpo
Merecem todos os maus agouros
Mesmo que seja por pouco tempo
Já que guardar raiva de gente que não vale à pena
É tomar veneno querendo que o outro morra
Ainda assim, às vezes, faz bem descarregar
Mesmo de maneira trágica as bactérias retidas no corpo
Toda a violência que tem em você
Toda a maldade que tem em você
Todo lúcifer que tem em você
Eu disse: às vezes
Quando necessário, e em determinadas ocasiões
Porque a agressão, em alguns casos, cura. 

Companheiros