Considero que, mesmo com a total falta de racionalidade, o carnaval é uma cultura brasileira. Coisa que só o bicho homem poderia arquitetar de forma tão meticulosa. Pra mim, é muito chato esse coisa toda de desfile de escola de samba e atrizes globais na Sapucaí. Mas há quem ame isso e faça disso sua vida. Carnaval é como você quiser.
Se eu não tivesse escolhido o jornalismo como profissão, diria que a folga de quase uma semana, e para muitos ( leia-se funcionários públicos), mais de uma semana é o melhor do carnaval. Como a maioria das pessoas tem Vida, isso deve ser uma vantagem agradável nessa época do ano.
Cada um faz do carnaval o que quiser. Tem gente que odeia isso tudo e prefere ficar na cidade, e aproveitar toda a tranquilidade rara da vida urbana, ocasionada pela fuga de seus habitantes para os balneários e para folia. Outros não, querem a cagada e a estragação de figado mesmo. Já alguns preferem rezar por essas almas condenadas ao fogo do inferno.
Antigamente, eu achava que carnaval era isso. Ir para um lugar agitado, ver um monte de gente, curti e blábláblá. Odiava ir para Baía do Sol (distrito do distrito que é Mosqueiro), já que lá era calmo demais, tinha carnaval, mas não era o carnaval que eu queria.
Hoje mudei completamente de concepção. Apesar de ficar de folga apenas na terça-feira, quero ficar na Baía do Sol o máximo de tempo que puder. Curtir a praia, o ar puro, curti a minha família, meu namorado... Me deu até vontade de me fantasiar só para fazer graça. É uma pena que lá (Mosqueiro), e até na Baía que eu tanto que orgulhava de ser um interiorzinho que só tocava marchinhas antigas no carnaval, se rendeu a maldição do tecnobrega. O que atraiu mais foliões, é claro, mas desvirtuou todo sentido da coisa. Ontem, o jeito foi voltar pra casa e ouvir Sergio Sampaio e Chico Buarque, só com a família mesmo.
Meu carnaval
Mas é isso. O jeito é esse! Fazer seu próprio carnaval, colocar seu próprio bloco na rua e se divertir com o que tem. Hoje saí da Baíazinha às 4 da matina pra trabalhar em Belém, e vou voltar na mesma pisada após o trampo. O meu siamês (leia-se namorado) estava comigo nessa missão, e digo uma coisa: foi lindo ir tomar café de manhã cedinho com ele lá no terminal. Não há nada melhor do que café de rua, feito pelas tiazonas do café.
Mas qual é a relação disso com o carnaval? Absolutamente nada. Só queria contar mesmo. Queria dizer também que esse época é dedicada a uma pessoa que era o carnaval em pessoa. Meu amigo Fernando, que se foi em janeiro, que ontem fez aniversário, e que adorava essa movimentação inteira. Adorava a alegria. Ele pra mim é um exemplo de Carnaval. No sentido mais simbólico e bonito da palavra.
Bom, é isso. Volto na quarta. Tô sem internet na Baía do Sol.