Acordou cedo.
cedo demais pra quem dormiu com um grau excessivo de álcool no corpo.
Pensou no que tinha feito no dia anterior.
Pensou no que não era pra ter feito no dia anterior
Pensou nas coisas que não era pra ter dito
Pensou nos gestos, nos risos, no choro, ridículo.
Porque diabos sempre chorava quando bebia?
Pensou na excitação de seu corpo e na melancolia.
E pensou no que as pessoas vão pensar.
Simples: pobre desta que bebeu além da conta.
Parecia que tinha um monstro mechendo-se em sua barriga
Um filho, talvez. Ou um bicho que a incomodava.
Sua cabeça não doía tanto, apenas precisava de água, muita água.
No fim, é sempre a água que nós salva dos outros liquidos nocivos.
Lembrou que já esteve pior, aquilo nada era comparado a outrora
Ficou apenas com aquela sua típica cara de besta depois de alguns copos.
Lembrou da varias despedidas e das varias ‘saideiras’.
Pensou na paciência de seus amigos
Que a aturavam mesmo tentando seduzi-los no ápice de sua porrice.
Ressaca moral. Nada mais é do que a vergonha profunda de si mesmo (leia-se consciência pesada).
Fez o café e lavou a louça. Todo mundo ainda dormia.
Banhou-se e sentiu aquele vazio passageiro.
Viu as fotos e riu. Elas transpareciam a felicidade da comemoração.
Dava até pra ouvir as risadas e o som da chuva naquelas imagens.
Alegria regada ao gosto amargo de cerveja.
Carnaval em dia comum
Euforia inebriante.
Amanhã é segunda e começa tudo de novo.
Estágio, universidade, seminário, consulta no dentista, tirar documento, ônibus lotado,estresse.
Já pensava no que faria no próximo fim de semana.
Sempre era isso.Passava a semana pensando no seu fim.
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