Los Hermanos, 2012.
Chico Buarque e Bob Dylan são artistas pouco comuns
para um DJ tocar, antes de qualquer show. É. Mas no show dos Los Hermanos tudo
pode ser incomum e docemente magnífico. Parecia que todos se conheciam. Todo
mundo se encontrava, se abraçava e sorria. Claro, a expectativa era grande para
ver o Amarante, Camelo, Barba e Medina reunidos de novo, após cinco anos de
hiato.
No ingresso, o show estava marcado para 22h, mas quem verificou
no site, sabia que eles iam tocar à meia noite, em ponto. Só que com 15 minutos
de antecedência, já podíamos ouvir os primeiros solos de guitarra e os versos de
“Moça, Olha só, o que eu te escrevi
é preciso força pra sonhar e perceber que
a estrada vai, além do que se vê”. E quem estava há horas esperando para
ver o show, esqueceu completamente à dor nos pés. Daí pra frente foi uma
sucessão de canções lindas, sem músicas novas, mas que contemplavam os quatro CDs
de estúdio dos caras.
Uma coisa assustou logo à primeira
vista: A aparência do Amarante. Mais magro do que de costume, cabelos rebeldes
e grandes. Como se estivesse acabado de acordar. Mas isso pouco importava
naquela hora. O momento era especial. O show ocorreu como eu imaginava. O
Amarante com suas dancinhas. Medina estático. Camelo tímido e o Rodrigo Barba,
uma gracinha quando aparecia no telão sorrindo. Fora o outro guitarrista, que
não recordo o nome, e o trio de caras que fazem o metal melódico, essencial na
banda.
Os fãs bem sabiam o set list da
banda, de acordo com o repertório da turnê em outros Estados. Mas os Los
Hermanos traziam surpresas. Se eu não me engano esse é o quarto show da banda
em Belém. Me recordo de ter ido a outros dois, com exceção do primeiro, que
aconteceu na época do extinto Fest Rock. Acredito que em nenhum deles, os
barbudos tenham tocado a tão “polêmica” Anna Júlia. Ou menos ainda, tenham
feito cover de qualquer outro artista.
Pois é, mas em Belém, eles fizeram. E
foi logo de Legião Urbana. “Vou precisar
da ajuda de vocês nessa música”, disse Rodrigo, antes de começar a tocar “Tempos
Perdidos”. Foi lindo. Mas não foi o momento mais mágico do show. Não foi melhor
do que ter ouvido os versos de “O velho e o moço”, “O vento”, “Um par”. Ou tão
lindo, quanto ver os marmanjos cantar melancolicamente as músicas “Sentimental”
e “Último Romance”. Às lágrimas caíram inevitavelmente. Uma coisa tão
emocionante que várias pessoas gritaram “ôooooo” quando viram três gaivotas
brancas saírem de trás do palco em direção ao céu escuro.
É claro que teve também as mais
agitadas como “Azedume”, “Quem Sabe”, e a finalissíma “Pierrot”, para fechar
noite. “Obrigado”, eles falavam. “A gente que agradece”, em pensava. O público que
agradece por vocês existiram, e dar vida a juventude nacional, que desde os
anos 80, se viu sem ídolos para realmente seguir. Todos saíram sorrindo, sem
reclamar. Quer dizer, só reclamaram do preço do bebida vendida à 5 reais. De
resto, valeu absolutamente tudo.
Los Hermanos conseguiram provar nesse
show, que a banda não acabou e nem nunca vai acabar. Eles já são eternos para
os fãs e para a história da música no Brasil. “O vento vai dizer lento o que virá, e se chover
demais, a gente vai saber, claro de um trovão, se alguém depois sorrir em paz...”
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