Raissa Lennon

Raissa Lennon
"siga seus próprios sonhos, porque ninguém pode viver o sonho do outro"

sábado, 15 de setembro de 2012

Tiê e a nova safra da música alternativa

Tiê - Teatro Gasômetro, setembro de 2012
A primeira vez que eu ouvi Tiê foi uma música chamada "Passarinho", apresentada por uma amiga minha. Essa canção por sinal, foi a que a cantora abriu seu show em Belém na noite de ontem, dia 14, no Teatro Gasômetro. Na época, achei chata, lenta demais, sem graça, e não me dei ao trabalho de prestar atenção na letra direito. Estava ouvindo mais rock'in roll e aquilo não fazia sentido nenhum para mim. Por isso, deixei a Tiê pra lá, e não me interessei. 

Depois ouvi por aí uma música chamada "Sweet Jardim", que diz mais ou menos assim, "plantei no jardim um sonho bom, mostrei meus espinhos pra você..." Uma linda canção que combinou perfeitamente com a voz adocicada da cantora. Fiquei triste, aliás, porque ela deixou a música fora do repertório do show. Enfim, certo dia ganhei de presente em um CD a música "Dois", que poderia embalar o amor de qualquer casal. 

Ontem, ela tocou pela primeira vez em Belém, por convite da Secult, para divulgar o seu segundo álbum: "A coruja e o coração". Depois de fazer uma matéria sobre o show para o jornal O Liberal, resolvi me aventurar no sentimentalismo da Tiê. Grávida de seu segundo filho, ela foi a mais adorável possível. Depois de duas músicas sem dar boa noite ao público (até pensei que ela ia dar uma de Bob Dylan), Tiê começou a se comunicar a se mostrar para os belenenses. E se mostrou uma verdadeira "Stand up comedy". Ela tirou onda com o Michel Teló, dançou "Eu quero Tchu, eu quero Tchá", fez graça com ela mesma quando fez a dancinha do "seu boneco". Fez piada com o calor de Belém, contou momentos engraçados com o marido, brincou com a platéia. Foi adorável e linda. 

Tiê tocou a música dos seus dois álbuns, entre elas: "Dois", "A bailarina e o astronauta", "Te quero" e terminou com a lindíssima "Assinado Eu". A cantora também tocou as três versões que integrou o seu novo CD, "Mapa-Mundi", do talentosíssimo Thiago Pethit, que foi super elogiado por ela no show. Essa música inclusive é mais bonita na voz dela, do que na do Thiago. Também cantou "Só sei dançar com você", da não menos talentosa Tulipa Ruiz. Mas o ponto alto da noite foi quando ela contou a inusitada versão que fez para "Você não vale nada" (mais eu gosto de você) - hino do forró universitário. 
Ponto alto da noite: Tiê cantando "Você não vale nada"

Com uma versão mais elegante e meio "tango" do hit grudento, Tiê convidou as cantoras paraenses (que abriram seu show) Nana Reis e Juliana Sinimbu (só faltou a Joelma Kláudia, que teve que ir embora antes), para acompanha-la. Também pediu a ajuda para a platéia, que cantou em coro "você não vale nada mais eu gosto de você". Tiê tirou onda: "Bora lá gente, todo mundo tem um..(uma pessoa que queria dizer isso)". Acabou o show e as pessoas saíram satisfeitas. O chato, foi que ela (grávida) teve que fazer dois shows seguidos - não sei porque dessa ideia absurda - e para completar, uma pessoa do Teatro Gasômetro ficou expulsando as pessoas quando terminou o primeiro show.

Elogios a parte, o que importa é que a Tiê representa uma nova fase da música alternativa e paulistana. Ela, junto com o Thiago Pethit e Tupila Ruiz, criam juntos, escrevem letras, fazem grandes discos, representam um cenário novo, de jovens elegantes que fazem canções universais, que não representam nada, além deles mesmos e dos sentimentos dos próprios seres-humanos. Nesse mundo ainda acrescenta-se os mato-grossenses da banda Vanguart, que de todos é o meu preferido, e o Cícero que com as suas "Canções de apartamento" embalou o momento em muitos apartamentos por aí. 

Acho que quem fala que a música boa morreu, esta precisando olhar com mais atenção para o cenário. Pois, qualquer um desses artistas vale a pena ir aos shows, baixar músicas, comprar discos e se apaixonar. Para conhecer mais sobre a Tiê: http://www.tiemusica.com/


Tiê, neste show intimista, estava acompanhada apenas por seu guitarrista  

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