Raissa Lennon

Raissa Lennon
"siga seus próprios sonhos, porque ninguém pode viver o sonho do outro"

sábado, 19 de dezembro de 2009

Vá de Bike


Diálogos construtivos I


Em tardes de tédio em que meu irmão está com tempo livre, geralmente costumamos conversar sobre assuntos diversos, na maioria das vezes sobre política, indústria cultural, música independente, capitalismo entre outras pautas.
Certo dia, em meio a risos e piadas começamos uma discussão sobre a imposição dos valores materiais sobre o ser humano no mundo atual, e ele comentava a diferença de uma pessoa que possui um carro e outra que não possui, “carro é sinônimo de status, quanto melhor for seu carro, melhor você será considerado” ele disse.
Ou seja, nossa personalidade, nosso     “SER” esta vinculado a uma maquina, a um produto, a um objeto, e nem nos damos conta do quão triste isso representa. Meu irmão certamente é um jovem incomum, agora ele “botou” na cabeça que quer comprar um fusca, só para contrariar a ideologia de ter o carro do ano.
Isso pode parecer besteira, mas influência diretamente em nossa vida prática. A MTV está com uma propaganda que diz “o aquecimento é global, mas o congestionamento é local”, troque seu carro por uma bicicleta, skate, patins, metrô, ajudem a salvar o planeta! Essa é a mensagem. No entanto, já perdi as contas de quantos comerciais de carro assisti enquanto elaborava esse texto.

A questão é bem mais complexa que a mensagem. Por exemplo, minha casa é relativamente perto da Universidade em que estudo (UNAMA), meus pais tem carro, mas só de vez em quando me dão carona, e no máximo até o entroncamento. É assim: necessito de dois ônibus para ir, dois para voltar da UNAMA, pois, apesar de perto, não tem absolutamente nenhum coletivo que me leve direto ao meu destino. Como todos sabem o transporte público de Belém do Pará não é nenhum modelo de perfeição, longe disso, é indigesto, pífio, ridículo.
Particularmente no lugar onde moro, consegue ser pior que o normal, de manhã o ônibus vai estupidamente lotado, se você conseguir respirar esta no lucro. Hoje em dia me recuso a entrar num coletivo nesse estado, pois, me sentia como um animal enjaulado, uma “coisa” que não vale nada. Agora, utilizo outra coisa conflitante em nossa cidade: a combe, chamados de “perueiros” não são regulamentados, e os automóveis se encontram em péssimas condições de uso.
Ha muito tempo estava pensando em uma solução para minha problemática e em como poderia ajudar um pouco a melhorar o planeta. E cheguei à conclusão que a BICICLETA pode ser uma boa ajuda nessa hora. A magrela não polui o ar, não congestiona o trânsito, além de melhorar o físico. Nunca fui da linha geração saúde, pelo contrário, sou sedentária, me alimento mal e tenho vícios mortais, mas é sempre bom esta em paz com o próprio corpo.
Como disse, não é tão simples assim, o trânsito de Belém é um caos, o entroncamento é uma desordem, provavelmente a pior obra que já fizeram por aqui, isso se a rotatória da Júlio Cezar não vencer essa disputa. O problema de andar de bike é que é perigoso, tem o calor, a chuva, o sol, o medo de morrer... E assim vai.
Infelizmente, ciclista em Belém é sinônimo de bandido, ou de gente que não tem grana pra comprar uma moto, ou carro, enfim. Nos países desenvolvidos, executivos trocam seus carros por bicicletas, por que lá o governo apóia, tem ciclovias, respeito e conscientização. O mundo seria bem melhor se todos os países adotassem essa causa.

Não estou dizendo para abandonar o conforto de seu veículo sempre, só não ser como minha mãe que vai até ao banheiro de carro. Bicicleta é aconselhável para distancias até 7 kilômetros, o que equivale a no máximo 30 minutos de viagem, a uma velocidade média de 15 km/h. Em um engarrafamento em São Paulo os automóveis não chegam nem a 9 km/h. Viu só como a pequeninha tem suas vantagens?
No mais, se você não esta nem um pouco convencido e acha tudo isso uma babaquice, compreendo seu ceticismo, desde pequenos somos influenciados pela indústria, pela TV, por nossos pais. Com um carro você “pega” mulher, você mostra para os outros que está bem de vida, que sua posição social é boa. É bom dirigir, pretendo tirar minha carteira paro ano por sinal, e quando puder comprarei um carro, fruto do meu esforço, do meu trabalho. Mas fico pensando que seria bom, não utilizá-lo sempre.
  
Em todo caso, elaborei uma listinha com 10 motivos para usar a bike, aqui vão eles:

1.      Não polui o ar.
2.      Melhora o trânsito.
3.      Você respira o ar mais limpo. Quem esta dentro de um carro, ou ônibus respira 30% mais poluição que um ciclista ou pedestre.
4.      É seguro quanto mais o trânsito estiver congestionado. Em uma cidade como Belém, isso não é muito difícil, não é mesmo?
5.      É econômico. Não precisa gastar grana com passagem, nem com gasolina.
6.      Melhora o físico e a saúde. Você não precisa gastar dinheiro com academia pra ficar com pernas grossas.
7.      Você se sente mais livre.
8.      É legal sentir o vento bater no rosto.
9.      Você não corre riscos de assalto. Vão pensar que você é pobre e não tem nada de valor, ou vão pensar que você é o bandido mesmo.
10.  Seja diferente. Vá de bike ;)

Em 2010 mude seus hábitos, plante uma árvore, recicle seu lixo, não desperdice a água, ou vá de bike.

Quem sabe paro ano eu perco o medo e chego à Universidade com a magrela, não estranhem meus amigos de turma, agora vocês já sabem que é por uma boa causa. ;)

4 comentários:

yuri g. disse...

aew as promessas de um ano bom voltaram...

Iaci Gomes disse...

Ai quem me dera ter coragem de ir de bicicleta pra Unama, mas só de pensar no trânsito da BR meu coração gela.

Byanka Arruda disse...

Eu acho a ideia muito louvável, mas como a Iaci disse, também gelo. :X
O trânsito de Belém é muito violente e não há infra-estrutura nem assistência ou investimento para esse meio de transporte. Uma pena. =[
As ciclovias de Ananindeua, por exemplo, (eu moro em Ananindeua)são mínimas e mal feitas, as pessoas usam como se fosse calçada pra esperar o ônibus, pois nada por aqui é bem organizado. Ou seja, a ciclovia começa e sem qualquer aviso ela termina e o ciclista a partir do término se 'aventura' na Br. É uma coisa de louco. :S

Nair Araújo disse...

(Descobri teu blog só agora!)

Adorei teu post, mas preciso comentar que eu prejudico um pouquinho mais o meio ambiente porque simplesmente não sei andar de bicicleta! Hahahaha. Se a habilidade não me faltasse e a distância para a UNAMA não fosse tanta, eu com certeza estaria encorajada pelos seus argumentos. Quem sabe em 2010 eu não arrisque aprender essa nova habilidade? ;)

Beijos,

Nair Araújo

Companheiros