Mostra de Cinema e Direitos Humanos leva cidadania ao público*
O documentário com co-produção Argentina-Venezuela “Cuatros Litros por Tornel”, mostra mulheres venezuelanas que decidem formar uma cooperativa. Já o brasileiro “Diário de uma busca” tenta desvendar o desaparecimento de um militante político. E o longa-metragem “Bicho de 7 cabeças”, está relacionado com o direito à saúde mental.
Os três exemplos fizeram parte de uma série de produções audiovisuais exibidas na 6º Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que aconteceu em Belém de 19 a 30 de outubro deste ano, no Cine Libero Luxardo. Os filmes trataram sobre o Direitos de Crianças e Adolescentes, do Direito à Terra, da Cidadania LGBT, da Educação em Direitos Humanos, Democracia, das Populações Tradicionais, das Pessoas Idosas e outros. O evento contou com apoio do Ministério das Relações Exteriores, da TV Brasil, da Sociedade Amigos da Cinemateca e do Sesc São Paulo.
Após seis décadas da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é comum assistirmos a luta cotidiana de pessoas e grupos em defesa do direito à vida, à liberdade e no combate à violência e o preconceito. É esses princípios que a Mostra de Cinema e Direitos Humanos discutiu com o público através do audiovisual.
A Mostra acontece em Belém desde 2007, sempre com exibições no Cine Libero Luxardo, na Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur). Nesta edição, o circuito percorreu todas as capitais brasileiras, além do Distrito Federal. Para o produtor da Mostra da edição local, Felipe Pamplona, “a cidade já tem um público fiel, que a cada ano aumenta mais. Isso é comprovado no número recorde de público deste ano, com mais de mil pessoas participando da edição”.
O produtor também comenta sobre o papel da sétima arte no debate a respeito dos Direitos Humanos. “O filme exibido na sala de cinema não tem o poder direto de uma política pública de Direitos Humanos, mas ele tem a capacidade que é tão importante quanto, de mostrar para as pessoas o que está acontecendo, para as se conhecerem e se reconhecerem através do cinema. Ou seja, as pessoas se reconhecem naquela realidade. Os filmes dão a oportunidade de conhecer a história do seu país, a história dos países da América do Sul”, reflete o produtor.
Especiais
Para a garantia dos Direitos de Pessoas com Portadoras de Necessidades Especiais, a programação do evento acontece em salas com acessibilidade para deficientes físicos. Além disso, promovem exibições que contam com o sistema de “closed-caption” para os deficientes auditivos, com legendas que descrevem, além das falas dos atores, qualquer outro som presente na cena, como palmas, passos, risos, etc. E sessões de audiodescrição, com narração das imagens em palavras para deficientes visuais.
Em Belém, os alunos da Escola de Educação Especial José Álvares de Azevedo, assistiram ao filme “Diário de Uma Busca” em um sistema de audiodiscrição fechada. “Foi muito emocionante essa sessão, a maioria dos alunos com deficiência visual nunca tinham tido contato com o cinema”, relata o produtor, Felipe Pamplona. A mostra também disponibiliza um sistema de audiodiscrição aberta, que exibiram alguns filmes de curtas-metragens da seção de filme Contemporâneos.
É a primeira vez que o escritor Tchello d’Barros, 44 anos, assiste às exibições que o evento promoveu. Para ele, “essa temática dos Direitos Humanos é essencial para o cinema, porque mostra a realidade das classes oprimidas da sociedade”. “São temas relevantes que precisam ser olhados com mais atenção por todos nós. É um cinema de denúncia que proporcionam a conscientização”, analisa o escritor.
Já o motorista João Rodrigues, 39 anos, nunca perdeu uma edição do evento na cidade. “Eu vim todos os anos. Tem certas situações que só a arte pode dar uma visão mais ampliada sobre a realidade”, comenta João Rodrigues.
* Matéria elaborada para um trabalho acadêmico
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