Trabalhei quase três anos em um jornal e
cheguei a ser contratada neste mesmo veículo de comunicação. Mas escolhi sair
de lá, por questões pessoais e empregatícias. Voltei para a condição de
estagiaria em outra empresa de maior produção e agora me vejo saindo dela. Despedindo-me,
sem mágoas. Feliz porque apesar dos erros e limitações, dei o meu melhor e fiz
um bom trabalho. Tive a oportunidade de conhecer o processo de produção, o dead
line, a vida e a rotina de um jornalismo diário. E quem sabe, eu não volte ou o
futuro esteja guardando uma coisa melhor para mim. Um futuro que se defini a
partir das minhas escolhas e possibilidades.
Digo isso, porque geralmente temos medo do fim.
Eu também tenho. É natural. O fim de um relacionamento, por exemplo, sempre é
tenso. Mesmo que aquela pessoa já não esteja te fazendo bem, ficamos pensando
nos momentos bons que nunca mais teremos, ficamos pensando que será o último
beijo, o último abraço e último aperto de mão. Será que encontraremos alguém
melhor? Refletimos. O fim de um trabalho tem esse sentimento em comum. Será que
encontraremos algo melhor? Será que eu fiz as escolhas certas na vida? Como não
dá pra saber, temos que arriscar.
O fim da universidade é uma felicidade. Uma
conquista. Mas apesar disso é também um momento de saudade. Quando vamos de
novo, depois daquela aula de sexta-feira, beber no bar ao lado? Ou quando vamos
sentir aquele entusiasmo do início de curso, aquela coisa de calouro clássico? Mas
não deixamos uma coisa de lado para construir outra coisa. Quando eu saí do
ensino médio, senti muita saudade dos meus amigos e das vezes que escutava rock
no fundo da sala, enquanto estava rolando aquela aula chaterríma de química.
Ainda ontem, travei uma discussão em uma mesa de
bar, sobre as “fases as vida”, e como sempre pensamos que o passado foi melhor
do que é o presente. Concluímos que cada fase tem que ser aproveitada com muita
paixão, com muita vontade, para que quando chegar o “fim”, daquilo que
realizamos, possamos traçar um começo ainda melhor. Se passar no vestibular é
uma iniciação, chegar ao fim da universidade é um encerramento de um ciclo e um
enfrentamento para vida que, a partir de agora, você seguirá sozinho. Uma
realidade difícil de pensar, mas que é ao mesmo tempo, excitante. Como disse Raul Seixas certa vez: “Sempre é tempo de começar tudo de novo”.